O Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap) da Unesp – Câmpus de Botucatu – acaba de depositar, por meio da Agência Unesp de Inovação (Auin), um pedido de patente para garantir seus direitos de criação intelectual sobre o desenvolvimento do produto biológico selante de fibrina. A solicitação ainda precisa ser examinada pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).
O INPI também deverá avaliar a pertinência em realizar uma extensão internacional do pedido de patente, visto que o depósito garante a proteção somente em território brasileiro. Paralelamente, há a necessidade de encontrar um – ou mais – parceiro da iniciativa privada que se interesse por produzir e comercializar o selante de fibrina, de modo que o produto efetivamente chegue à população. Para tanto, há etapas a serem desenvolvidas, como o escalonamento e a criação de um produto comercial.
A gerente de propriedade intelectual da Auin, Fabíola M. Spiandorello, esclarece que as inovações tecnológicas sempre têm um componente de criação intelectual bastante significativo em sua essência, sendo que a apropriação dessas criações é inerente ao processo de inovação. Sendo assim, tal apropriação é feita tanto no sentido de proteger a criação, permitindo que a mesma seja defendida perante terceiros, quanto no sentido de permitir sua comercialização, ou seja, a transferência desse conhecimento a terceiros. “Uma patente permite a apropriação de um determinado tipo de criação intelectual, visando sua defesa e sua comercialização, com a efetiva geração de valor a partir de conhecimento – entre outras funções”, acrescenta.
Reconhecimento
O mais recente artigo sobre o selante de fibrina, desenvolvido pelo Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap) da Unesp, em Botucatu, foi publicado nesta terça-feira, 10, na página principal da plataforma científica BioMed Central (BMC) na internet. “Este Publisher tem 265 revistas e escolher nosso artigo para a primeira página é um belo reconhecimento”, avalia o professor Rui Seabra Ferreira Jr, coordenador-executivo do Cevap.
O artigo discorre sobre o fato de o selante de fibrina ser uma estrutura tridimensional capaz de segurar e manter as células tronco no local e viáveis. Por ser biológico, não causa rejeição e portanto é uma excelente e barata alternativa para engenharia de tecidos e celular. “O selante de fibrina tem um baixo custo de produção, não transmite doenças infecciosas a partir de sangue humano e tem propriedades de um andaime para as células estaminais adequado, porque permite a preparação de suportes diferenciados, que são adequados para todas as necessidades”, explica Rui.
Sobre o Selante
O selante de fibrina é um bioproduto 100% nacional, feito a partir da mistura de uma enzima extraída do veneno da cascavel (Crotalus durissus terrificus) com fibrinogênio de sangue de grandes animais (bubalinos, equinos, bovinos ou ovinos), cuja ação se baseia no princípio natural da coagulação. Responsável pelo Laboratório de Produção do Selante de Fibrina, o coordenador-executivo do Cevap, Rui Seabra Ferreira Jr, acredita que após o registro do produto junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a validação de todos os métodos de produção, o legado deste projeto à Universidade será enorme em avanços biotecnológicos.
Além disso, o produto já encontra-se em ensaio clínico fase 2A, coordenado pelo professor Benedito Barraviera e realizado na Unidade de Pesquisa Clínica de Botucatu (Upeclin), sob a supervisão da professora Luciana Abbade.
Da Assessoria
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